Por Victor Alves
Nesta quarta-feira, 02 de setembro de 2020, realizamos um painel com grandes profissionais que abordaram, do ponto de vista acadêmico e prático, como Gestão do Conhecimento Pessoal é uma facilitadora no processo de autodesenvolvimento. Nas próximas linhas compartilharemos um resumo de como foi o painel, as perguntas & respostas que surgiram e se você ficar até o final, ainda ganha um bônus! Boa leitura!
Andre Bello trouxe sua visão sobre as mudanças que estão ocorrendo, quais são essas transformações e suas consequências, e a importância do protagonismo do indivíduo na sua própria aprendizagem.
Américo C. Ramos Filho D.Sc. Adm., CMQ/OE, CQE, nos contemplou com uma excelente revisão bibliográfica e pesquisa produzida sobre o tema e importância da gestão do conhecimento pessoal na sabedoria prática visando o bem comum.
Por último e não menos importante, o Alex Bretas fechou ao compartilhar sua grande trajetória como Aprendiz Autodirigido e práticas importantes para aprendermos a aprender!
Ainda tivemos essa facilitação visual da Clever Corp que resumiu bem como a Gestão do Conhecimento Pessoal nos ajuda a aprender aprender #Melhor, #MaisRapido e #Continuamente!
Para finalizar e enriquecer ainda mais nosso painel, tivemos algumas perguntas muito pertinentes no qual também gostaríamos de compartilhar aqui as respostas
Pergunta 1:
Eu gostaria de saber dentro deste contexto apresentado pelo Andre como na Administração Pública´, em que os processos são mais engessados e nem sempre se valoriza a Gestão do Conhecimento Pessoal, podemos mostrar a importância do desenvolvimento pessoal.
Américo Ramos: Como complementação, indiquei na minha apresentação que há vários fatores que são influenciadores da Gestão do Conhecimento Pessoal, inclusive as de caráter organizacional e cultural, o que no âmbito da Administração Pública (mas na privada também…) pode ser restritivo, mas há o “Eu”, o indivíduo, e se reforçarmos que a Gestão do Conhecimento Pessoal deve ser emancipadora do indivíduo, este seu desenvolvimento pode e deve se dar na pessoa, o que, mais de transformar o ambiente que o envolve, transforma sua própria vida.
Victor Alves: Primeiramente é importante entender que o conhecimento está na cabeça no indivíduo mas também é coletivo pois muito do que pensamos saber é na verdade um conhecimento da comunidade, conforme os autores Steven Sloman e Philip Fernbach falam no livro “Knowledge Illusion” então o desenvolvimento pessoal não é meramente individual e pressupõe um aprendizado em rede. Por isso, primeiramente, é importante que essas organizações primeiramente mudem o seu mindset de escassez para o de abundância no qual existe sim oportunidade para que todos se desenvolvam. Em segundo lugar, também é importante que essas organizações também removam algumas barreiras e riscos para o compartilhamento do conhecimento, tal como o acúmulo e “ocultação” do mesmo, conhecimentos em inglês como Knowledge hoarding e Knowledge hiding, respectivamente. Para saber mais recomendo esse artigo da RealKM Magazine: The relationship between knowledge sharing, hiding, and hoarding
Pergunta 2:
Pensando em PKM de um gestor de TI, o mercado tem valorizado muito as certificações diversas às vezes em detrimento de pós-graduações/mestrados. Qual a opinião de vocês sobre o assunto, certificação é um bom caminho?
Américo Ramos: Depende do planejamento que você faz e do propósito orientador, o que é fundamental para a Gestão do Conhecimento Pessoal. Ele deve ser flexível, mas não deve ser confundido com acefalia. Tenho um exemplo positivo com um dos meus sobrinhos, que teve muito foco e priorizou estas certificações, o que fortaleceu sua empregabilidade, o levou a promoções e oportunidades de carreira, e hoje, após dez anos, ele é CTO em uma multinacional no Reino Unido. Tenho ex-alunos meus de Mestrado que hoje são executivos ou acadêmicos estabelecidos. Há os que buscam sua trajetória ao largo da academia ou formalidades, mas que se tornaram vencedores com base na sua experiência construída, o que é comum em muitos empreendedores de todos os tempos. Há exemplos não tão felizes, mas dentro da ótica da aprendizagem, tudo é um fluxo, que envolve planejar, construir, aprender e transformar, de forma incremental, continua ou radical. Isso deve nos inspirar no nosso propósito de aperfeiçoamento e de conhecimento pessoal a ser gerenciado.
Victor Alves: PKM não é o mesmo que ter que aprender tudo sozinho sem a necessidade de aprendizagem formal, certificados e etc. A PKM na verdade é um framework que te ajudará a refletir sistematicamente sobre sua própria aprendizagem e assim contribuir para seu autodesenvolvimento, e caso obter uma certificação seja um dos caminhos pra isso, não há problema algum. Falo melhor sobre essa relação entre PKM e Autodesenvolvimento nos dois artigos a seguir.
- Gestão do Conhecimento Pessoal e Autodesenvolvimento
- Gesão do Conhecimento Pessoal e Aprendizagem Autodirigida
Pergunta 3:
Pierre Lévy nos traz a definição de inteligência coletiva como uma inteligência distribuída por toda parte: ‘Ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na humanidade’. A partir dessa citação, como poderíamos diferenciar o PKM do lifelong learning? Há sobreposições ou são abordagens distintas?
Américo Ramos: Há sobreposições, certamente, com a sabedoria prática também. Nonaka e colaboradores afirmam que, “ao cultivar a phronesis, ou sabedoria prática, em todos os níveis da organização, a empresa promove a liderança distribuída em pessoas que aceleram a criação de conhecimento”. Isso vale para a sociedade e humanidade, como bem reforça o Pierre Lévy. A gestão do conhecimento pessoal e a sabedoria prática, que nos faz melhor agir, decidir, contextualizar e orientar-se para o bem comum, é um exercício contínuo de vida, é aprender a vida inteira, o que, ao ser distribuído por todos, leva à sabedoria coletiva e a um legado civilizatório. Ou, tomando o poema de Eliot como inspiração, a informação leva ao conhecimento, que leva à sabedoria, que leva à Vida.
Alex Bretas: Na minha visão, o PKM se insere dentro do lifelong/lifewide learning, por estes últimos serem conceitos mais amplos. Mas é uma questão de perspectiva. Talvez pessoas mais especialistas em PKM entendam o oposto, e tudo bem. E, se o conhecimento está distribuído por entre a humanidade, a aprendizagem ao longo de todas as situações da vida contribui para fazer avançar esse conhecimento. Ao aprender, isto é, ao mudar a si mesmo para melhor, a pessoa pode se utilizar de diferentes abordagens, dentre elas o PKM.
Victor Alves: Tal como respondi na pergunta anterior, PKM não é o mesmo que aprender sozinho tal como é o mesmo que aprendizagem contínua. PKM é uma metodologia que te ajuda a pensar sistematicamente seu conhecimento, rotina e até seu networking. Portanto, ao utilizar os modelos e práticas de Gestão do Conhecimento Pessoal, inevitavelmente estará contribuindo para se aprender ao longo da vida (lifelong Learning). Falo melhor sobre essa relação entre PKM e Autodesenvolvimento nos dois artigos a seguir.
- Gestão do Conhecimento Pessoal e Autodesenvolvimento
- Gesão do Conhecimento Pessoal e Aprendizagem Autodirigida
Espero que esse resumo e respostas às perguntas tenham sido explicativas e ajudem a despertar o interesse por essa metodologia que só tem a contribuir para nosso autodesenvolvimento. Por isso, conforme falei na introdução, se você chegou até aqui, vamos te presentear com as apresentações compartilhadas no painel:
Sobre o autor:
Victor Alves é graduado em Engenharia de Produção e Tecnologia em Petróleo e Gás, com especialização em Gestão do Conhecimento pela Coppe/UFRJ e Gestão Estratégica de Pessoas pela HSM University. Conta com 10 anos de experiência, em empresas nacionais e multinacionais no setor de petróleo e gás, tendo atuado na área operacional offshore, na coordenação de operações e contratos e atualmente atua como Especialista em Gestão do Conhecimento e Product Manager na TechnipFMC. Fora das plataformas e dos escritórios, também foi e é atuante no desenvolvimento da indústria de óleo, gás e energia, onde foi Coordenador do Comitê Jovem do IBP de 2013 à 2016 e desde 2016 é Diretor da SPE Seção Brasil. No tempo livre, procura servir a comunidade como voluntário em Projetos Sociais relacionados à educação e orientação de carreira, tendo criado seu pioneiro blog de orientação de carreira, chamado TecnoPeG, no qual sempre buscou compartilhar conhecimento e informações acerca da indústria.