A Gestão do Conhecimento (GC) é uma disciplina que se consolidou nas últimas décadas como um pilar estratégico para as organizações modernas. Com o avanço da economia baseada no conhecimento, compreender e estruturar os processos de criação, compartilhamento, retenção e aplicação do conhecimento tornou-se fundamental para manter a competitividade e garantir inovação. Em um cenário marcado pela incerteza e complexidade, as decisões no ambiente organizacional tornam-se cada vez mais desafiadoras para os gestores. Segundo Cavalcanti, Gomes e Pereira (2001), na sociedade do conhecimento, o verdadeiro diferencial competitivo das organizações não está apenas na posse da informação, mas na capacidade de transformá-la em conhecimento útil e aplicável. Dessa forma, é essencial compreender o que diferencia conhecimento de informação e por que ele é tão valioso. Segundo Fukunaga, “alinhar o significado do conhecimento dentro de cada contexto organizacional pode ser chave para o sucesso do engajamento e da colaboração dos indivíduos nos projetos”. O conhecimento, diferentemente da informação, está ligado à experiência e à capacidade de interpretação dos dados dentro de um contexto. O conhecimento é um recurso essencial para a tomada de decisões. Ele permite analisar informações com maior precisão, reduzindo incertezas e facilitando a escolha das melhores estratégias para alcançar resultados eficazes. Esse ativo intangível, quando bem gerenciado, impacta diretamente na produtividade, na inovação e na sustentabilidade das organizações.
Desde a década de 1980, diversos especialistas contribuíram para estruturar a GC como uma área de conhecimento. Karl Wiig começou a trabalhar na GC para organizar e reter o conhecimento gerado em seu grupo de pesquisa sobre informação e inteligência artificial. Karl Sveiby foi o primeiro a publicar um livro com o título de gestão do conhecimento. Ikujiro Nonaka, por sua vez, desenvolveu o modelo SECI, um dos mais importantes referenciais para a criação e conversão do conhecimento dentro das organizações. A GC, portanto, não se trata apenas de um conceito teórico, mas de uma prática essencial para que as organizações possam extrair o máximo valor de seus ativos intelectuais e gerar vantagem competitiva. Como destaca Stewart (1998), organizações bem-sucedidas não apenas possuem conhecimento, mas sabem como utilizá-lo estrategicamente para inovar e garantir vantagem competitiva sustentável.
No entanto, a implementação da Gestão do Conhecimento enfrenta desafios e armadilhas que podem comprometer seu sucesso. Um dos principais desafios está na resistência à mudança, pois a cultura organizacional nem sempre favorece o compartilhamento do conhecimento. Muitas vezes, os indivíduos acumulam conhecimento de forma isolada, seja por medo de perder relevância ou por falta de incentivos adequados para a colaboração. Quanto às armadilhas, a falta de estrutura para capturar e disseminar conhecimento pode transformar a GC em um processo burocrático e pouco efetivo. Outra armadilha está na dependência excessiva de tecnologias, sem uma estratégia clara para engajar as pessoas. Ferramentas tecnológicas são importantes, mas sozinhas não garantem o sucesso da gestão do conhecimento. É fundamental equilibrar processos, tecnologia e cultura organizacional para criar um ambiente propício à aprendizagem contínua.
Por conseguinte, apesar desses desafios, os benefícios da Gestão do Conhecimento são significativos. Organizações que investem na GC conseguem reduzir a perda de conhecimento crítico, melhorar a tomada de decisão e impulsionar a inovação. A documentação de melhores práticas, a criação de redes de compartilhamento e a valorização do conhecimento tácito dos colaboradores resultam em maior eficiência operacional. Além disso, a GC fortalece o capital intelectual das organizações, permitindo que elas se adaptem mais rapidamente às mudanças do mercado e aumentem sua sustentabilidade a longo prazo. No cenário atual, onde a velocidade da inovação é cada vez maior, dominar e aplicar os princípios da Gestão do Conhecimento é um diferencial competitivo indispensável para qualquer organização.
Por Anderson Queiroz dos Santos
Oficial da Marinha do Brasil, formado em História e Ciências Sociais, com MBA em Gestão do Conhecimento pela UFRJ. Atua na área de GC, prestando orientações a organizações, com foco na implementação da Gestão do Conhecimento, sendo defensor da cultura do compartilhamento e da preservação do conhecimento estratégico.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CAVALCANTI, Marcos do Couto Bezerra; GOMES, Elisabeth Braz Pereira; PEREIRA, André Faria de Pereira Neto. Gestão de empresas na sociedade do conhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2001.
FUKUNAGA, Fernando. O significado de conhecimento para as organizações.Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1ayVNmF25oaZLkFhTawdQ2PuJ4UvNza_X/viewo. Acesso em: 27 de março de 2025.
Programa Essencial da Gestão do Conhecimento – Módulo 1: Fundamentos de Gestão do Conhecimento, Diagnóstico e Mapeamento. 2018 por Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento – SBGC.
STEWART, Thomas A. Capital Intelectual. Tradução Ana Beatriz Rodrigues e Priscila Martins Celeste. Rio de Janeiro: Editora Campos. 1998.