Modelos de GC: Modelos KMMM

O modelo apresentado pela empresa Siemens, segundo Ehms e Langen (2002), apresenta dados de saída tanto qualitativos quanto quantitativos sobre o estado da GC.

Fonte: Ehms e Langen (2002)

Por Juliana Pinheiro

O modelo apresentado pela empresa Siemens, segundo Ehms e Langen (2002), apresenta dados de saída tanto qualitativos quanto quantitativos sobre o estado da GC em uma organização. O KMMM (Knowledge Management Maturity Model) consiste em um modelo de análise do estágio de maturidade da GC dentro de uma organização. O diagnóstico resultante deste modelo revela quais as principais áreas e temas que devem ser desenvolvidos para que avancem de nível de maturidade e com isso atinjam um grau de excelência maior no futuro, conforme apresentado acima.

O modelo de desenvolvimento apresenta cinco níveis de maturidade de GC.

Fonte: Ehms e Langen (2002)

Esta ideia baseia-se nos níveis do CMM (Capability Maturity Model) do Software Engineering Institute da Universidade Carnegie Mellon. No entanto, a transferência para o domínio da GC representa um desenvolvimento completamente novo (EHMS; LANGEN, 2002).

  • Nível de Maturidade Inicial: em todas as organizações o conhecimento existente está presente, mas nem sempre de maneira organizada. As organizações que estão neste nível possuem processos de trocas, criação e uso não consciente; ou seja, atividades de sucesso relacionadas ao conhecimento são vistas como um golpe de sorte e não como resultado de metas e planejamento. Não há nenhuma linguagem para descrever fenômenos ou problemas a partir de uma perspectiva do conhecimento, tudo que acontece com relação a isso é aleatório e consequência da sorte.
  • Nível de Maturidade Replicável: no nível 2 organizações já reconhecem a importância das atividades de GC para os seus negócios. Os processos organizacionais são parcialmente descritos como tarefas de GC e, em virtude das ideias de iniciativas pioneiras individuais em GC, projetos-piloto sobre GC normalmente existem. O sucesso ou fracasso desses projetos é um tópico de discussão dentro da organização. Se as condições são favoráveis, essas atividades individuais podem servir de exemplos positivos para outras atividades de GC.
  • Nível de Maturidade Definido: no nível 3 há atividades estáveis e que são praticadas dentro da organização; ou seja, há atividades que efetivamente suportam a GC dos indivíduos. Estas atividades são integradas nos processos de trabalho do dia-a-dia e nos sistemas de TI. Os escopos individuais de GC já estão bem definidos.
  • Nível de Maturidade Gerenciado: quando as atividades do nível 3 passam por uma padronização e maior uso, englobando todas as áreas da organização, passa-se para o nível 4 de maturidade de GC. Isso quer dizer que as soluções encontradas no nível 3 fluíram bem e foram explicitadas em normas e procedimentos para toda a organização. Indicadores relativos à eficácia destas atividades de GC são regularmente medidos. As atividades são garantidas a longo prazo por toda a organização e os sistemas de apoio de GC também já estão mais robustos.
  • Nível de Maturidade Otimizado: no nível 5 a organização já desenvolveu a capacidade de se adaptar com flexibilidade a fim de atender aos novos requisitos de GC, sem deixar cair um nível de maturidade. Estes desafios são superados, mesmo no caso de alterações externas ou internas maiores. Os instrumentos de medição já introduzidos no nível 4 são usados em combinação com outros instrumentos para o controle estratégico. Não há desafios que não podem ser resolvidos com as ferramentas de GC estabelecidas.

O modelo KMMM não permite que uma organização pule um nível, uma vez que é altamente improvável que o nível alcançado será mantido por muito tempo desta forma. Sendo assim, o modelo propõe oito áreas-chave de GC que auxiliarão na consistência da maturidade das organizações.

Os níveis de maturidade foram definidos independentemente de atividades e condições específicas da GC. As áreas-chave são baseadas nos facilitadores da EFQM (Fundação Europeia para a Gestão da Qualidade), que foram estendidos para a GC. A representação das áreas-chave em um octógono expressa relações conceituais através de um arranjo que indica as relações entre cada facilitador. Os setores adjacentes estão próximos em termos de conteúdo, enquanto os setores opostos apresentam conteúdos distintos. São eles:

  • Estratégia e Metas do conhecimento: são avaliados aspectos da visão corporativa e definição de metas no que diz respeito à GC. O comportamento da alta administração e o apoio financeiro são analisados.
    Ambiente e Parcerias: avaliam-se os agentes de fora da organização que possuem relação com a mesma, como clientes, parceiros e concorrentes, por exemplo. A partir daí são avaliados os problemas decorrentes da utilização de conhecimento externo.
  • Pessoas e Competências: Estão incluídos tópicos como seleção de pessoal, desenvolvimento e suporte, bem como temas relacionados com a gestão de responsabilidade e auto-gestão.
    Colaboração e Cultura: este tópico inclui a cultura corporativa, comunicação da equipe ou rede de relacionamento.
  • Liderança e Apoio: esta área-chave abrange questões de liderança, tais como modelos de gestão e acordo sobre metas. Analisa os papéis desempenhados pelos gestores, mas também outros participantes, em relação ao pessoal de apoio nas atividades de GC.
  • Estruturas de conhecimento e Formas de conhecimento: os temas desta área-chave descrevem aspectos da estruturação da base do conhecimento organizacional. São avaliados os documentos disponíveis para classificação do conhecimento disponível.
  • Tecnologia e Infraestrutura: este tópico lida com os aspectos de TI e sua gestão a partir do suporte de sistemas.
  • Processos, Funções e Organização: esta área-chave descreve as questões relacionadas com a estrutura organizacional e a atribuição de papéis da GC. A ênfase é dada aos aspectos de organização do processo no contexto de uma organização baseada em processos. O objetivo é descobrir como as atividades de GC podem ser adicionadas a estes processos de negócios específicos.

Para cada um destes temas, requisitos especiais foram formulados. Desta forma é possível avaliar como foram cumpridos. Seria ingênuo acreditar que o desenvolvimento organizacional em direção da GC pode ser conduzido com sucesso com apenas um checklist sobre o assunto. O mais importante é que o modelo seja utilizado a partir de uma visão holística.

Espero que o conteúdo esteja te ajudando de alguma forma.
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Sobre a autora:
Juliana Pinheiro possui dupla formação em arquitetura e engenharia civil pelo Programa FAU-POLI da USP. É Mestra em Ciências pela Escola Politécnica da USP, com a dissertação Gestão do Conhecimento em Empresa Construtora. É sócia fundadora da ARQUITEIA, startup de reforma de interiores com foco em acelerar a venda ou locação de imóveis.