Por Fernando Fukunaga, Neusa M. Bastos F. dos Santos e Valéria Macedo
Antes de conhecermos um pouco mais sobre as características do trabalhador do conhecimento é importante ressaltar alguns aspectos em uma economia que percebe o conhecimento como um bem.
Diversos estudos nesta área tentaram desvendar o “mistério” da formação de uma nova economia a Economia do Conhecimento.
Podemos perceber o conhecimento como bem econômico a partir dos resultados encontrados no relatório do Programa de Estudos de Economia do Conhecimento da The Work Foudation, publicado em 2006:
- A capacidade de explorar conhecimento por meio das redes e TIC’s, para ganhos em vantagem competitiva;
- O valor do conhecimento nasce em seu compartilhamento com os outros em dada economia (intra-organizacional e inter-organizacional);
- A restrição no compartilhamento inter-organizacional;
- As dificuldades na regulação para investimento em conhecimento e proibição da difusão indevida;
- A diferenciação de conhecimento explícito e tácito;
- A diferenciação pela exploração conhecimento tácito;
- A mitigação de risco por meio de contratos para retenção de trabalhadores-chave.
Após uma extensa pesquisa podemos assumir as seguintes definições e características da Economia Baseada em Conhecimento:
- a economia do conhecimento, não é uma “nova” economia operando um novo conjunto de leis econômicas (DAVID; FORAY, 2002);
- A economia do conhecimento está presente em todos os demais setores econômicos e não apenas em setores intensivos em alta tecnologia (LEADBEATER, 1999) ;
- A economia do conhecimento tem alta intensidade de utilização das TIC’s;
- A economia do conhecimento consiste nas inovações das organizações que usam novas tecnologias para o processo de introduzir e apresentar a inovação organizacional;
- Organizações da Economia do Conhecimento buscam reorganizar o trabalho para permitir que os trabalhadores do conhecimento possam manusear, armazenar e compartilhar informações através das práticas gestão do conhecimento; e
- A Economia baseada em conhecimento está apenas nascendo; o desafio maior estará na gestão de conteúdo e na gestão do conhecimento (DOWBOR, 2013, p.119).
Baseado nessas evidências você se considera um Trabalhador do Conhecimento? Uma questão básica é que suas atividades são intensivas em conhecimento.
Com o objetivo de desenvolver uma tipologia para pessoas e organizações que transacionavam conhecimento, Geisler (2007) realizou pesquisa empírica com 37 gerentes de grandes empresas globais manufatureiras e identificou a existência de três tipos de trabalhadores do conhecimento:
Tipo 1 – Geradores de Conhecimento: são pessoas, unidades e organizações que procuram, coletam, adquirem, preparam e registram conhecimento de vários recursos;
Tipo 2 – Transformadores de Conhecimento: são pessoas, unidades e organizações que transferem, compartilham, transmitem e trocam conhecimento de e para recursos internos e externos da organização;
Tipo 3 – Usuários de Conhecimento: são pessoas, unidades e organizações que implementam, utilizam, adotam, adaptam, absorvem e exploram os resultados, benefícios e impactos do conhecimento.
O estudo de Geisler (2007), também concluiu que existem quatro estágios de conhecimento: geração, transferência, aplicação e absorção; e diferentes motivações e comportamentos atribuídos aos trabalhadores do conhecimento.
A evolução da tecnologia tem revolucionado as formas e atividades dos profissionais e com a preocupação do nível de incorporação destes recursos na organização, Moore e Rugullies (2005) avaliaram como os trabalhadores do conhecimento utilizam as tecnologias de informação, com seu arsenal de ferramentas e qual o impacto na produtividade.
Os autores identificaram a existência de três tipos de trabalhadores:
- Sonhadores: profissionais que atuam em campanhas publicitárias e elaboração de estratégias;
- Solucionadores: Profissionais que tem a responsabilidade de implementar as ideias geradas pelos sonhadores e resolver problemas ocorridos na linha de frente;
- Da Linha de frente: profissionais não são considerados trabalhadores do conhecimento, pois realizam atividades pré-definidas pelos solucionadores, mas que demandam habilidades para a realização, como: cozinheiros e/ou ferreiros.
E agora consegue enxergar a si mesmo com algumas dessas características ou atividades?
Você poderá aprofundar seus conhecimentos neste tema consultando a bibliografia a seguir:
- ALVESSON, M. Knowledge Work and Knowledge-Intensive Firms, Nova Iorque. Oxford University Press, 2004.
- DOWBOR, L. Democracia Econômica: Alternativas de Gestão Social. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
- GEISLER, E. A typology of knowledge management: strategic groups and role behavior in organizations. Journal of Knowledge Management. United Kingtom, v. 11, n. 1, p. 84–96, 2007.
- MOORE, C, RUGULLIES, E. The Information Workplace Will Redefine The World Of Work At Last. Forrester Research, 2005
- THE WORK FOUNDATION, Part of Lancaster University. Knowledge Economy Program Report 2006. Disponível em: <http://www.theworkfoundation.com/Reports/65/Defining-the-knowledge-economy-knowledge-economy-programme-report>. Acesso em 21/04/2014.
Os autores:
Fernando Fukunaga é Gestor de Educação e Comunidades em Gestão do Conhecimento e Inovação da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC). Mestrando em Administração na PUC/SP. Especialista em Gestão de Pessoas e Comunidades de Práticas.
Neusa M. Bastos F. dos Santos é Presidente do Conselho Científico da SBGC, Professora Doutora Titular do Programa de Estudos de Pós-Graduados em Administração da PUC/SP. Conselheira do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e Líder de diversas linhas de pesquisas em Gestão de Pessoas, Conhecimento, Inovação, Cultua e Valores e Governança nas organizações. Valéria Macedo é Filiada à SBGC, Mestranda em Administração na PUC/SP. Possui larga experiência do mercado financeiro.
Nota: este é um recorte de uma pesquisa em andamento feito, especialmente, para o Blog da SBGC.