Desde a pré-história, o ser humano já tinha a necessidade de registrar a sua vida cotidiana, primeiramente através de pinturas em cavernas; depois, com o desenvolvimento da escrita, vieram formas de codificar a linguagem, resultando na criação dos alfabetos. Com a criação da prensa móvel por Johannes Gutenberg, no século XV, ficou ainda mais fácil registrar tudo o que ocorre. Pode não parecer, mas em todos esses eventos históricos houve o desenvolvimento de conhecimentos e a necessidade de difundi-los, seja a criação de uma nova ferramenta, seja a compilação de conhecimentos existentes e sua publicação em um único lugar. A organização e a disseminação do saber em larga escala foram aspectos fundamentais para o desenvolvimento das sociedades e para a construção de um conhecimento coletivo e estruturado. A humanidade, através dos tempos, fez Gestão do Conhecimento (GC) sem que ela soubesse sobre esse termo, à sua maneira e de formas muitas vezes rudimentares. Mas, afinal, o que é GC?
Antes de falar sobre o que é GC, é importante definir o que é conhecimento. Ele é a combinação de dados e informações que, submetidas ao crivo pessoal, adquirem valor e enriquecem a experiência das pessoas. Este conhecimento pode ser classificado em tácito (quando é baseado na vivência e nas experiências das pessoas) e em explícito (quando está estruturalmente organizado, codificado e publicado em algum lugar). E nos dias atuais o conhecimento adquiriu valor importante, pois a partir dos anos 1970 cresceu a demanda por serviços de alto valor agregado, nos quais a produção de conhecimento é peça-chave. Isso levou a uma valorização dos ativos intangíveis das organizações, e estima-se que até 80% do valor de mercado de uma empresa advém destes ativos.
Para gerar este valor, é necessário definir muito bem o papel do conhecimento na organização. E a gestão adequada dos ativos intangíveis, juntamente com a organização dos processos de conhecimento, é crucial para a obtenção de resultados significativos. O conhecimento, portanto, não é apenas um recurso, mas um ativo estratégico que precisa ser continuamente gerido e desenvolvido para sustentar o desempenho organizacional a longo prazo. Assim, têm-se as respostas para duas perguntas importantes: “por quê GC?” e “para quê GC?”: porquê traz competitividade aos negócios, valoriza os ativos intangíveis e permite que as organizações ganhem destaque em seus ramos de atuação; e serve para enfrentar desafios organizacionais como inovação e mudança e permite que elas se adaptem às mudanças, melhorem seus processos, abracem a inovação e expandam suas operações, mantendo-se competitivas.
Trabalhar com conhecimento, porém, também tem suas armadilhas e desafios: uma má gestão do conhecimento pode colocar a perder toda a estratégia da organização, levando à repetição de erros, à dificuldade de balancear a execução de negócios com a inovação e à perda de pessoas-chave detentoras de conhecimentos críticos, o que levará à perda dos conhecimentos de forma irreversível. Por outro lado, se as organizações não querem correr esse risco, elas precisam encarar a implantação de um Sistema de Gestão do Conhecimento como investimento, e não como gasto, e com o avanço da tecnologia, como a Inteligência Artificial Generativa, as organizações podem automatizar rotinas repetitivas, otimizando as atividades e economizando dinheiro de possíveis retrabalhos. Além disso, os futuros gestores do conhecimento precisarão saber lidar com as resistências a serem encontradas durante o processo de implementação e conduzir os trabalhos de uma forma suave e sem conflitos. Como resultado, as organizações conseguem não só reter, mas também preservar os conhecimentos existentes e que são fundamentais para suas atividades, além de capacitar melhor seus empregados.
Assim, pode-se definir a GC como a gestão dos processos organizacionais de conhecimento; o conhecimento como objeto é aquele que é relevante para o negócio da organização ou para sua atividade-fim, permitindo que ela possa se destacar em um mercado cada vez mais competitivo e agregue cada vez mais valor às suas atividades. É a mola-mestra que fará com que mais e mais organizações se destaquem em um mundo cada vez mais competitivo e que anseia por diferenciais.
É formado em Comunicação Social com Ênfase em Jornalismo pela Universidade Nove de Julho (UNINOVE) e trabalha desde outubro de 2023 na Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (AMAZUL), lotado na Gerência de Gestão do Conhecimento.
Adora ler livros sobre os mais diversos temas, principalmente história, política e comunicações.