Gestão do Conhecimento: A Visão dos Autores Pioneiros

Os trabalhos dos autores que contribuíram para a estruturação da gestão do conhecimento organizacional como uma disciplina fornecem uma base sólida para seu entendimento. O conhecimento é um ativo fundamental para qualquer organização. Um dos pioneiros a definir conhecimento nesse contexto foi Karl Wiig. Para ele, o conhecimento consiste em uma combinação de fatos, verdades e crenças, perspectivas e conceitos, julgamentos e expectativas, metodologias e know-how que são acumulados e integrados ao longo do tempo, de modo a possibilitar sua aplicação na resolução de situações e problemas específicos (Wiig, 1993). Ele enfatiza que o conhecimento é mais do que apenas informação, explicando que o conhecimento é aplicado para interpretar a informação disponível sobre uma situação particular e decidir como gerenciá-la.

Davenport (1998) também se preocupou em deixar clara a diferença entre informação e conhecimento, definindo conhecimento como uma mistura fluida de experiência estruturada, valores, informações contextuais e insight especializado que fornece uma estrutura para avaliar e incorporar novas experiências e informações.

Nonaka e Takeuchi (1995) propuseram um modelo que descreve como o conhecimento é criado, compartilhado e transformado dentro das empresas, destacando a interação entre conhecimento tácito (difícil de articular e transferir, adquirido através da prática e da vivência, está presente na mente do conhecedor) e explícito (estruturado, organizado, de fácil disseminação). É um trabalho fundamental para a compreensão da Gestão do Conhecimento (GC) em empresas.

A GC busca identificar, criar, reter, transferir e aplicar o conhecimento de uma organização. Sveiby (2001) sintetiza a GC como a arte de criar valor a partir de ativos intangíveis. Uma GC feita com sucesso aumenta a eficiência e produtividade, impulsiona a inovação, melhora a tomada de decisões e fortalece a vantagem competitiva.

O planejamento de GC envolve a definição de objetivos, estratégias e ações para gerenciar o conhecimento dentro da organização. Os trabalhos dos autores pioneiros enfatizam que a GC deve ser alinhada com os objetivos estratégicos da organização e promover uma cultura colaborativa que incentive o aprendizado contínuo. As principais dificuldades para a GC e seu planejamento estão na resistência à mudança por parte dos colaboradores e no estabelecimento de métricas para avaliar o resultado da GC.

Para sua implantação, é necessário primeiramente fazer um diagnóstico para conhecer a situação atual da GC, identificando seus pontos fracos e fortes, lacunas e possibilidades de melhoria. O diagnóstico se inicia com a definição do escopo, que delimita quais setores ou processos serão avaliados (ex: RH, Inovação). Segue-se a coleta de dados através de pesquisas, entrevistas e análise de documentos. É necessário conhecer os desafios do negócio e os problemas do conhecimento. Deve-se levantar os conhecimentos críticos para o negócio, que serão o principal foco da GC. É necessário, também, analisar a cultura organizacional para identificar barreiras e facilidades para o compartilhamento de conhecimento. E, em relação à situação atual, avaliar as práticas já existentes e as tecnologias disponíveis que podem ser utilizadas para a GC. Nesse processo de levantamento de informações, pode ocorrer dificuldade em obter a colaboração dos funcionários. É um desafio, também, lidar com a subjetividade que pode permear o processo de avaliação.

Concluindo, a GC se apresenta como uma disciplina essencial para o sucesso organizacional, fundamentada nas contribuições de autores pioneiros que moldaram sua compreensão e aplicação. Ao reconhecer o conhecimento como um ativo estratégico, as empresas têm a oportunidade de empenhar-se em promover uma cultura colaborativa e enfrentar os desafios associados à implantação da GC de forma eficaz.

Sobre a autora: Mariane Mendes Coutinho trabalha na Coordenadoria de Gestão do Conhecimento do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). É formada em Ciência da Computação e em Meteorologia pela USP e é PhD em Ciências Atmosféricas pela Universidade de Reading, na Inglaterra.

 

Referências

– Davenport, T. H. (1998). Working Knowledge: How Organizations Manage What They Know. Harvard Business School Press.
– Nonaka, I., & Takeuchi, H. (1995). The Knowledge-Creating Company: How Japanese Companies Create the Dynamics of Innovation. Oxford University Press.
– Sveiby, K. E. (2001) What is Knowledge Management? Disponível em: https://www.sveiby.com/files/pdf/whatisknowledgemanagement.pdf
– Wiig, K. M. (1993). Knowledge Management Foundations: Thinking About Thinking – How People and Organizations Create, Represent, and Use Knowledge. Schema Press.

Sobre o autor:

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Alunos da Certificação Gestor do Conhecimento da SBGC

Os conteúdos assinados por alunos da Certificação Gestor do Conhecimento da SBGC fazem parte das atividades práticas da formação. Por meio dessas publicações, nossos participantes colocam em prática os conhecimentos adquiridos, contribuindo com reflexões, experiências e boas práticas para a comunidade. Esta iniciativa reforça o compromisso da SBGC com o desenvolvimento de profissionais que transformam organizações por meio da Gestão do Conhecimento.

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