A Gestão do Conhecimento ao Encontro do Negócio

A gestão do conhecimento é um processo que ajuda as empresas a aproveitarem os dados do negócio, o capital intelectual e as tecnologias disponíveis, gerando muito valor para as elas.
Antes de entrarmos na questão da Gestão do Conhecimento, necessitamos de entender o que é o conhecimento.
O conhecimento é a capacidade humana de entender, apreender e compreender as coisas, além disso ele pode ser aplicado, criando e experimentando o novo. O conhecimento é a capacidade humana de apreender algo. A partir do que for apreendido, pode-se criar e transmitir a outrem.

Ao longo da história da humanidade o conhecimento foi ganhando formas: conhecimento filosófico, conhecimento científico, cultural e artístico, senso comum e mitos. Mas, agora como aplicamos isso ao contexto de negócios ou mesmo ao desenvolvimento sustentável.

A criação do conhecimento é um processo fundamental nas organizações, onde novos conhecimentos são gerados. Segundo Argote et al. (2003), essa criação ocorre quando o conhecimento explícito e tácito dos indivíduos é combinado. No entanto, Nonaka e Takeuchi (1995) vão além, argumentando que a criação do conhecimento organizacional envolve amplificar esse conhecimento e integrá-lo à rede de conhecimentos da organização.

Com a ascensão da Sociedade do Conhecimento, o paradoxo em torno do conhecimento passou de algo a ser evitado para algo a ser valorizado. As contradições, inconsistências, dilemas, dualidades, polaridades, dicotomias e oposições são inerentes ao conhecimento, pois ele é composto por dois componentes aparentemente opostos: o conhecimento explícito e o conhecimento tácito.

Nesse contexto, é essencial compreender e cultivar a criação do conhecimento organizacional, reconhecendo a importância de integrar diferentes perspectivas e abordagens. É por meio desse processo que as organizações podem se tornar verdadeiras fontes de inovação e desenvolvimento.
O resultado deve ser apresentado de forma profissional, transmitindo a importância e complexidade da criação do conhecimento nas organizações.

Esses conhecimentos são a base para a construção de uma visão para o futuro, que garantirá o objetivo do negócio, implicando na construção de um direcionamento mais sólido para se fazer a Gestão do Conhecimento.

Para ser preciso, existem duas dimensões para o conhecimento tácito. A primeira é a dimensão “técnica”, que engloba as habilidades informais e de difícil detecção, muitas vezes captadas no termo “know-how”. Os mestres-artesãos ou os chefs de três estrelas, por exemplo, possuem um tesouro de especialidade nas pontas dos dedos, desenvolvido depois de anos de experiência, mas frequentemente têm dificuldade em articular os princípios técnicos ou científicos por trás daquilo que sabem.

Os insights altamente subjetivos e pessoais, as intuições, os palpites e as inspirações derivadas da experiência corporal, todos se encaixam nesta dimensão. O conhecimento tácito também contém uma importante dimensão “cognitiva”. Ela consiste em crenças, percepções, ideais, valores, emoções e modelos mentais tão inseridos em nós que os consideramos naturais. Embora não possa ser articulada muito facilmente, essa dimensão do conhecimento tácito dá forma ao modo como percebemos o mundo em torno de nós. 

Dentro dos conhecimentos elencados foi muito importante o detalhamento de onde eles podem chegar, fazendo um trabalho pormenorizado da Conversão do Conhecimento.

A gestão do conhecimento é essencial para uma organização, pois além de trazer diversos benefícios, possibilita a criação de novos conhecimentos que, quando aplicados, geram inovação. E como todos sabemos, a inovação é o segredo para a melhoria contínua. Para explicar esse processo, os autores Nonaka e Takeuchi desenvolveram a teoria da espiral do conhecimento, que se baseia em quatro modos de conversão do conhecimento: socialização, externalização, combinação e internalização.

De acordo com eles, o conhecimento é criado a partir da interação entre o conhecimento tácito (aquele que está na mente das pessoas) e o conhecimento explícito (aquele que pode ser expresso de forma clara e objetiva). Essa interação acontece de quatro formas diferentes: a socialização, que é a conversão do conhecimento tácito em conhecimento tácito; a externalização, que é a conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito; a combinação, que é a conversão do conhecimento explícito em conhecimento explícito; e a internalização, que é a conversão do conhecimento explícito em conhecimento tácito.

Esses quatro modos de conversão do conhecimento são fundamentais para a gestão do conhecimento e para a criação de novas ideias e soluções inovadoras. Portanto, é essencial que as organizações adotem estratégias e práticas que incentivem e facilitem esses processos de conversão do conhecimento. Dessa forma, elas estarão preparadas para enfrentar os desafios do mercado e se destacar pela sua capacidade de inovar e melhorar continuamente.

 

Dessa forma foi possível se aprofundar ainda mais na interpretação do conhecimento, dando um refinamento em mais quatro forma de distinguir o conhecimento tácito do explícito, que são expressos pelos grandes pensadores.

O conhecimento tácito é um desafio complexo quando se trata de gerenciá-lo. Como afirmou Saito (2007, p. 57), é um tema amplamente discutido, mas ainda pouco compreendido. A confusão mais comum em relação à distinção do conhecimento surge da estreita relação entre “saber que” e “saber como”. Essa distinção foi descrita pelo filósofo clássico Gilbert Ryle (1949) no século XX. Ryle (2009) aponta que há uma certa convergência entre “saber como” e “saber que”, mas também existem diferenças significativas que destacam a dimensão tácita do “saber como”. Os relatos subsequentes sobre entendimento, compreensão, percepção e interpretação abordam o significado atribuído à palavra conhecimento (SAITO, 2007). Segundo Ryle (2009), existem meios típicos pelos quais o “saber que” e o “saber como” são construídos. 

O pensamento e a razão são meios para construir o “saber que”, enquanto a atividade e a prática são meios típicos para construir o “saber como”, como mostrado no Quadro 2.2. Saito (2007) exemplifica essa questão comparando o conhecimento adquirido por alguém que fez um MBA, que pode ser classificado como “saber que”, com o conhecimento adquirido por alguém que tem uma longa carreira como gerente e lida com desafios e tomadas de decisão diários, que pode ser classificado como “saber como”.

Quadro 2.2 – Distinção entre “saber que” e “saber como”

O conhecimento tácito é frequentemente fonte de confusão, especialmente quando se trata da distinção entre saber objetivo e subjetivo. Saito (2007) destaca essa questão e apresenta dois lados do debate. De um lado, temos o realismo e o positivismo, que pressupõem a existência de uma realidade objetiva, externa ao indivíduo e, em princípio, comum a todos. Nessa perspectiva, o conhecimento deriva dessa realidade e qualquer coisa que não se enquadre nela é considerada mera opinião baseada em crenças pessoais. Por outro lado, temos o idealismo e o interpretativismo, que consideram essa realidade como algo irreconhecível, uma vez que toda percepção é filtrada pela cognição do indivíduo. Portanto, o conhecimento é sempre uma interpretação, dependente do conhecimento prévio e do sujeito, bem como dos vieses cognitivos.

Saito (2007) argumenta que essa distinção tem implicações para a gestão do conhecimento. No caso da objetividade, o conhecimento corresponde à realidade e é relativamente independente do indivíduo. Ele assume propriedades de um “objeto” que pode ser observado, estudado, analisado, manipulado, sem perder suas características. Já no caso da subjetividade, o conhecimento não pode ser separado do indivíduo, pois corre o risco de perder seu significado e importância. Assim, o conhecimento é sempre relativo, condicionado, dependente do contexto e sujeito a interpretações (SAITO, 2007, p. 58-59).

Quadro 2.3 – Distinção entre saber objetivo e saber subjetivo

Uma grande alavanca no negócio se deu com a utilização da economia do conhecimento. Isso foi possível com a visualização da necessidade de se entender os processos do conhecimento e o que eles têm propiciado de ganho para as organizações, que seguiram o caminho para a Gestão do Conhecimento.

No mundo atual, onde a concorrência não conhece fronteiras, as empresas estão espalhando suas atividades por diversos locais ao redor do globo. A terceirização e a colaboração com outras empresas se tornaram práticas comuns na busca pela vantagem competitiva global. No entanto, coordenar todas essas atividades dispersas geograficamente é um desafio para muitas empresas. Além disso, o conhecimento se tornou uma arma valiosa nessa competição global, pois o valor está mais no intangível do que no tangível. O ativo mais importante para as empresas modernas não é mais a fábrica ou o equipamento, mas sim o conhecimento acumulado e as pessoas que o possuem. A gestão desse conhecimento se tornou essencial para adquirir e manter a vantagem competitiva.

No entanto, apesar dos avanços na definição, categorização e estruturação do conhecimento, pouca atenção tem sido dada à relação entre competição global e gestão do conhecimento. Questões importantes, como gerir o conhecimento em escala global e como utilizar o aprendizado global como uma arma competitiva efetiva, ainda não foram completamente abordadas. A gestão do conhecimento se tornou uma parte central da estratégia de gestão, especialmente em um ambiente de mudanças rápidas. O mundo está passando por transformações em várias dimensões, como competição, globalização, avanços tecnológicos, surgimento de novas indústrias e mudanças demográficas. Essas mudanças exigem que as organizações se adaptem rapidamente ou enfrentem a extinção.

A gestão do conhecimento é crucial nesse contexto, pois o conhecimento se torna obsoleto assim que é criado. Para sobreviver nesse ambiente competitivo, as empresas precisam continuar criando novos conhecimentos e disseminando-os pela organização. A gestão do conhecimento é o processo de criar e disseminar continuamente novos conhecimentos, incorporando-os rapidamente em produtos, serviços, tecnologias e sistemas. É através desse processo que a mudança é perpetuada dentro da organização.

Diante desse ambiente complexo e em constante mudança, a gestão do conhecimento se torna uma necessidade profissional para as empresas. É preciso estar preparado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem nesse mundo globalizado e altamente competitivo.

A perpetuação das empresas bem como o seu sucesso está intimamente ligada a Gestão do Conhecimento com vistas ao negócio organizacional, o que gerará valor econômico e crescimento escalar. Isto inclui mudanças de diretrizes rápidas, buscando sempre a maturidade, para se encontrarem na vanguarda competitiva.

 

Referências

ARGOTE, L.; DARR, E. D.; EPPLE, D. The Acquisition, Transfer, and Depreciation of Knowledge in Service
Organizations: Productivity in Franchises. Management Science. Vol. 41, nº 11, November, 2003, pp. 1750-1762.
Disponível em http://pubsonline.informs.org/doi/pdf/10.1287/mnsc.41.11.1750. Acesso em 1 de maio de 2015.
FUKUNAGA, F. Cultura Organizacional como Fator de Influência no Ciclo de Gestão do Conhecimento. Dissertação de Mestrado em Administração. Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de Conhecimento na Empresa. 4a Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
RYLE, Gilbert. The Concept of Mind. 60th Anniversary Edition. Anbgdon: Routledge, 2009
SAITO, A. Educating Knowledge Managers: A Competence-Based Approach. Tese de Doutorado em Filosofia. School of Knowledge Science. Japan Advanced Institute of Science and Technology, 2007.

Engenheiro Eletricista

Trabalho na Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, na coordenação de Gestão e Desenvolvimento de Capacitação Técnica Operativa.

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