O tema “gestão do conhecimento” já era de meu interesse havia alguns anos. Estava sempre lendo artigos e tentando entender como isto era aplicado nas organizações.
A vastidão e a abrangência do assunto me intrigavam e eu não conseguia estabelecer muito bem os contornos epistemológicos. Ciência de dados, tecnologia da informação, educação corporativa, conhecimento tácito e explícito, cultura organizacional…como estas e tantas outras coisas conversavam entre si na “gestão do conhecimento”?
Numa primeira vez, trabalhando numa empresa de consultoria ambiental, tentei avançar neste assunto. Fizemos uns dois ou três contatos com um professor e consultor renomado. Nem eu nem a diretoria nos sentimos confortáveis para ir em frente. Na prática, como toda essa teoria apresentada por ele iria funcionar? Quais eram nossos objetivos e resultados esperados? Nada estava claro. Talvez a experiência dele fosse maior na área de vendas, distante do nosso negócio, mas não era apenas isso…
Meses depois, cheguei numa nova organização. Conversando com muitos colegas, eram recorrentes as observações: muito conhecimento aqui se perde pela saída de pessoas “chave”, pela falta de sinergia entre as áreas ou pela ausência de uma base confiável para registro…percebi que iniciativas isoladas existiam, mas nada que pudesse ser chamado de “gestão do conhecimento”.
Diante deste cenário, tomei duas ações: conversar com a diretoria sobre a necessidade e a urgência de tratar o assunto e ao mesmo tempo buscar uma formação mais sólida no tema. Obtida a aprovação para seguir em frente, cheguei até a SBGC. “Mordi a isca” assistindo a um vídeo do Fernando Fukunaga, presidente da organização, em que ele explicava detalhadamente o que era “gestão do conhecimento” e falava da formação oferecida pela instituição.
Foi um grande prazer realizar o curso para a certificação. Ao longo de cinco meses, as ideias foram se organizando melhor, teoria e prática caminhando juntas. Conteúdo, experiências, pessoas e redes (CEP + R; créditos para Alex Bretas) foram acessados durante a formação. A certificação somente ocorre com a elaboração e a defesa de um projeto. O fiz envolvendo diferentes pessoas e áreas da organização, buscando informações e formatando um diagnóstico. Tive que entender os desafios estratégicos, os problemas do conhecimento e como isto se conectava, buscando possíveis caminhos. Assim, foram definidas as primeiras práticas.
Os meses seguintes foram dedicados à organização para início do projeto: engajamento das pessoas, definição de facilitadores das áreas, construção de uma plataforma para registro das práticas e definição de indicadores e metas, dentre tantas outras atividades. Importante destacar que, na medida do possível, fui também consolidando, atualizando e aperfeiçoando a formação oferecida na certificação por meio de muitas alternativas oferecidas pela SBGC: congressos, comunidades de prática, cursos, palestras, encontros online e workplace são algumas delas.
Agora em março de 2024 será feito o lançamento “oficial” do projeto. Ansiedade e alegria se misturam. O termo “gestão do conhecimento” já entrou no vocabulário das equipes e é hora de colher frutos. Boa sorte pra nós!
Flávio Café de Castro é geólogo e indutor do desenvolvimento de equipes na CLAM Meio Ambiente (Belo Horizonte)