Não é somente o agronegócio que está sofrendo com a guerra na Ucrânia. As empresas da área da saúde também dependem de minerais fabricados na Rússia.
Atualmente, a Rússia é o maior exportador mundial de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), sigla NPK. O nitrogênio é obtido do gás natural, do qual a Rússia é o segundo maior produtor e o maior exportador. O fósforo e o potássio são produtos minerais que a Rússia apresenta minas com grande extração anual.
O nitrogênio tem a sua fabricação por países Oriente Médio que tem como foco a utilização no agronegócio, devido a estabilidade do produto, sendo a Rússia um dos únicos países a atender a produção mundial.
Apesar de haver outros países fabricantes de potássio, como Canadá, Israel, Chile, Jordânia e Alemanha, ainda apresentam uma produção limitada e com compradores destinados aos fertilizantes.
No caso do fósforo, os maiores produtores são China e Marrocos, vindo em terceiro a Rússia. Entretanto, o aumento de procura para esses países fará com que a lei da oferta e da procura, aumente os preços e restrinja o acesso a outras prioridades.
Com os bancos russos bloqueados para transações Swift, as empresas da saúde não podem adquirir esses insumos da Rússia, havendo uma redução de acesso a esse mercado e aumento do preço desses ingredientes.
Mas, qual a importância do conhecimento estratégico desses três macronutrientes para as empresas de saúde?
O nitrogênio medicinal é utilizado em equipamentos cirúrgicos e em processos de congelamento de amostras, como órgãos para transplante, medula óssea, sangue e outros tipos de material biológico.
O fósforo e potássio são utilizados na composição de alimentos, suplementos alimentares e medicamentos. O fósforo ajuda na formação e manutenção dos ossos e dentes, além de desempenhar funções no organismo para contração muscular e geração de energia. O potássio suporta a saúde cardiovascular, auxilia na circulação sanguínea e na estabilização da pressão arterial. Na escassez desses nutrientes, podemos sentir cãibras, fadiga, dificuldade de concentração, falta de apetite, confusão mental e tonturas.
Os médicos, nutricionistas e farmacêuticos indicam a suplementação desses nutrientes regularmente para o bom funcionamento do organismo.
Então, ter a redução desses macronutrientes no mercado, impacta na implementação das estratégias de empresas da saúde que tem como principal objetivo trazer benefícios à saúde da população.
Por Talita Ferreira.
Sobre a autora:
Talita Ferreira é consultora, pesquisadora, professora e uma estudante-profissional apaixonada por compartilhar conhecimento. Também é farmacêutica-bioquímica pela UNIP/SP, com MBA em Inovação em Saúde pelo Instituto Butantan/SP, mestre em empreendedorismo pela FEA/USP e doutoranda em economia das empresas pela Universidade de Salamanca/Espanha e University of Health Sciences and Pharmacy de St. Louis/Estados Unidos.