1º Encontro sobre Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva

Por: José Paulo*
Realizou-se, em 30 set. 2015, em São Paulo/SP, o 1º Encontro sobre Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva, evento realizado pela Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC).

Por: José Paulo*
Realizou-se, em 30 set. 2015, em São Paulo/SP, o 1º Encontro sobre Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva, evento realizado pela Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC).
 O evento teve como objetivo principal reunir um grupo de profissionais dos setores público e privado para discutir perspectivas sobre compartilhamento e compartimentação da informação, sob o escopo da área de inteligência, com o enfoque maior da gestão do conhecimento (GC). A reunião também serviu, como ponto de partida para trocas permanentes que poderão resultar em parcerias duradouras entre as entidades envolvidas. Presentes ao Encontro cerca de 150 pessoas.
 O foco das apresentações centrou-se nos seguintes temas:

  • Os conceitos sobre gestão do conhecimento/inteligência competitiva e a complementariedade dos dois conceitos;
  • O futuro da dualidade compartilhamento e compartimentação; e
  • As ferramentas tecnológicas que suportam os trabalhos realizados na área de Gestão do Conhecimento.

Os palestrantes do evento foram:
– André Saito, diretor-presidente da SBGC, PhD in Knowledge Science pelo Japan Advanced Institute of Science and Technology e especialista em gestão do conhecimento e educação corporativa. Em sua palestra, destacou o caráter multidisciplinar da GC e sua intersecção com áreas como, por exemplo, a gestão de informações, memória organizacional, gestão documental, engenharia do conhecimento, sistemas especialistas, aprendizagem organizacional, gestão de competências, educação corporativa, dentre outras.
– Relatou ainda que atualmente tem trabalhado no sentido de utilizar a GC, aliada aos conceitos da área de inteligência, para obtenção de melhorias nos processos de geração de Inovação e desenvolvimento de produtos, fazendo uso de ferramentas como o Roadmapping, que consiste em realizar o mapeamento da evolução do negócio da empresa ao longo do tempo, ou ainda o Customer Development, que busca entender quem é o cliente e ajustar o produto à sua demanda.
– Luiz Rogério dos Santos, executivo de inteligência de mercado na empresa Natura, com experiência na construção de processos, estrutura e equipes que visam a servir às empresas com conhecimento para tomada de decisão de negócios e na implantação da cultura de GC no negócio.
– Salientou que sua expectativa, ao proferir a palestra, era compartilhar sua vivência na área de Inteligência em uma grande empresa, que tem investido sobremaneira na gestão do conhecimento. Enfatizou ainda que, em sua atual atividade profissional, busca melhorar a capacidade de tomada de decisão das áreas de planejamento comercial da Natura, vinculando aquele processo à GC e inteligência.
– Discorreu sobre a metodologia consubstanciada na plataforma Sábios, ferramenta que gerencia a produção, organização e disseminação de conhecimento relevante dentro do ambiente virtual da Natura, de maneira que isso possa melhorar o processo de planejamento e influenciar na decisão de negócio da empresa.
– André Nicoletti, oficial de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), atua no Programa Nacional de Proteção ao Conhecimento Sensível (PNPC) e integra equipes de análise de risco em grandes eventos e em infraestruturas críticas.
– Tratou do tema “compartilhar versus compartimentar”, salientando as questões de segurança e contrainteligência no processo de gestão do conhecimento e inteligência. Discorreu sobre a possibilidade de perda intencional de informações em um cenário de crise, fazendo uso da tríade motivação do autor, oportunidade de acesso a informações e a racionalização no gerenciamento do acesso à informação para defender a tese de que é necessário organizar o compartilhamento das informações e fazer um trabalho pré-crise no acesso para minimizar os riscos envolvidos, como por exemplo, o de vazamento. Assim sendo, parte significativa da GC deve consistir em analisar os riscos que estão envolvidos no compartilhamento do conhecimento.
– Fernando Domingues, sócio-diretor da Mentor Consulting, empresa dedicada ao desenvolvimento da inteligência estratégica e competitiva nas organizações e diretor do Capítulo Brasil da Strategic and Competitive Intelligence Professionals (SCIP). É especialista em articulação de redes e facilitação de diálogos que trabalham a inteligência coletiva em processos de construção de estratégias, inovação aberta, design de futuros e capacitação de líderes e equipes.
– Discorreu sobre as mudanças de paradigmas de conectividade e interrelação entre as pessoas na atualidade. Partiu da avaliação de que houve uma mudança na maneira como a sociedade se relaciona, em virtude do redimensionamento das variáveis tempo e espaço no ambiente virtual. Tal fenômeno deveria ter reflexo na forma como as organizações e empresas se estruturam, mas isso não se verificou de maneira tão imediata. Ainda é comum a existência de estruturas piramidais, com poder decisório centralizado nas estruturas organizacionais.
– Neste contexto, segundo o palestrante, a inteligência deve atuar de forma a potencializar a mudança/adaptação das empresas ao modelo de organização em rede, onde as informações fluem entre aqueles que estão conectados, aumentando a capacidade de acesso à informação, do seu processamento e da geração de inovação. Para que isso seja possível, destaca ainda que deve haver mudança de configuração dos ambientes físicos que permitam a livre interação, com a criação de ambientes virtuais que viabilizem o fluxo de informações.
– O evento contou ainda com a presença de Fábio Pereira Ribeiro, administrador de empresas, especialista em inteligência estratégica e política internacional, doutor em política internacional e responsável pelo blog Brasil no Mundo, da Revista Exame, que atuou como moderador dos painéis ao final das apresentações.

*Sobre o autor:
José Paulo Melhado possui mestrado em Ciência da Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Foi analista de inteligência corporativa da Companhia Vale do Rio Doce. Atualmente participa do Programa Nacional de Proteção ao Conhecimento, análise de assuntos relacionados à contrainteligência, análise de C,T & I, análise de riscos aplicada à segurança de infraestruturas críticas e de grandes eventos.