Modelos de Gestão do Conhecimento

Em 2017 concluí minha dissertação de mestrado voltada para a gestão do conhecimento no setor da construção civil. Propus um modelo com foco neste setor, mas antes estudei alguns modelos de GC para compreender os elementos que constituem cada um deles e de que forma tais elementos poderiam contribuir para o modelo proposto. Inicio hoje uma série de posts no blog da SBGC para falarmos sobre MODELOS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO. Gostaria que esta discussão não acabasse por aqui. Quanto mais falarmos a respeito, mais evoluímos no tema e alcançamos novos patamares de como fazer GC.

por Juliana Pinheiro

Em 2017 concluí minha dissertação de mestrado voltada para a gestão do conhecimento no setor da construção civil. Propus um modelo com foco neste setor, mas antes estudei alguns modelos de GC para compreender os elementos que constituem cada um deles e de que forma tais elementos poderiam contribuir para o modelo proposto. Inicio hoje uma série de posts no blog da SBGC para falarmos sobre MODELOS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO. Gostaria que esta discussão não acabasse por aqui. Quanto mais falarmos a respeito, mais evoluímos no tema e alcançamos novos patamares de como fazer GC.

Desde a criação do termo GC, muitos modelos já foram apresentados por pesquisadores, consultores e organizações. Modelos ajudam na síntese de algo complexo. Auxiliam na simplificação e explicação de uma teoria. Neste sentido, modelos auxiliam na visualização e entendimento de alguns fenômenos que seriam difíceis de compreender devido à magnitude e à complexidade (MALAVSKI; LIMA; COSTA, 2010).

Para Kuriakose (2010), modelos de GC podem ser comparados segundo seis critérios: contexto; aplicabilidade; estágios; avaliação; validação e áreas-chaves.

  • Contexto: refere-se ao contexto em que cada modelo foi desenvolvido. Por exemplo, o modelo pode ter sido desenvolvido para um determinado setor, ou para uma determinada empresa, ou ser genérico.
  • Aplicabilidade: refere-se a que entidade cada modelo pode ser aplicado. Por exemplo: o modelo pode ser aplicado para qualquer empresa, ou somente para um determinado setor, ou para uma determinada empresa.
  • Estágios: refere-se à quantidade de estágios/etapas/camadas/critérios de cada modelo.
  • Avaliação: refere-se à indicação de uma metodologia específica para aplicação prática do modelo. Pode ser classificada como objetiva, quando a ferramenta é descrita no modelo; subjetiva, quando descreve como o modelo foi aplicado e seus resultados, mas não apresenta a ferramenta; ou, ainda, não indica nada.
  • Validação: indica a metodologia de validação do modelo, ou seja, indica como ele foi aplicado. Pode ser um estudo de caso, por exemplo.
  • Áreas-chaves: indica as áreas-chaves utilizadas por cada modelo.

Para Heisig (2009), o objetivo principal da GC é auxiliar uma organização a melhorar os processos relativos ao conhecimento existente e potencial. Para tanto, o tratamento sistemático do conhecimento no nível operacional de uma organização é um elemento central da GC e que é sintetizado em alguns modelos apresentados.

Heisig analisou 160 modelos de GC entre 2002 e 2003, quando pesquisou modelos existentes em publicações relevantes entre 1998 e 2003 com o termo “KM” (Knowledge Management) tanto no meio científico, quanto em organizações e em consultorias da área de GC.

A partir dos dados levantados, realizaram-se análises quantitativas e qualitativas. O resultado mostra que, apesar da ampla gama de termos utilizados nos modelos de GC, um consenso foi detectado em relação às categorias básicas usadas para descrever as atividades e os fatores críticos de sucesso relativos à GC.

A análise de Heisig sugere que um modelo de GC deve conter as seguintes atividades voltadas para o conhecimento: identificar, criar, armazenar, compartilhar e aplicar conhecimento. Como fatores críticos de sucesso: fatores humanos (culturapessoas e liderança); aspectos organizacionais (estrutura e processos); tecnologia da informação e gerenciamento de processos (estratégia e controle).

  • Fatores humanos (cultura, pessoas e liderança): o trabalho humano, bem como a colaboração e o comportamento baseiam-se na cultura (tanto organizacional quanto étnica, como a cultura regional/nacional). Assim, as atividades típicas de GC , como o compartilhamento de conhecimento, são fortemente influenciadas.
  • Aspectos organizacionais (estrutura e processos): os processos organizacionais também diferem dependendo da cultura organizacional e geográfica. É necessário coordenar processos de GC em organizações distribuídas e entre organizações com diferentes culturas organizacionais e étnicas.
  • Tecnologia da Informação: as infraestruturas tecnológicas também diferem em diferentes países. A aceitação de aplicativos também depende de preferências (por exemplo, como as tecnologias são aceitas, quais redes sociais são preferidas em um país)
  • Gerenciamento de processos (estratégia e controle): as práticas de gestão diferem também dependendo da cultura étnica e organizacional. Assim, é necessário alinhar estratégias de GC, bem como processos de gerenciamento correspondentes. É importante também controlar os resultados obtidos a partir da GC.

Além disso, há um consenso na literatura consultada por Heisig que uma implementação unilateral, considerando apenas um desses fatores, não corresponde ao sucesso da implementação da GC. A tarefa é organizar esses fatores de tal forma que as atividades de GC possam ser alcançadas de forma holística na organização. Para que estas atividades aconteçam, é necessário estimular práticas de GC dentro da organização.
Os modelos que vou apresentar nesta série apontam para elementos importantes que orientam diretrizes e práticas voltadas para GC das empresas. Desejo que este conteúdo lhe possibilite novos olhares!

Sobre a autora:
Juliana Pinheiro possui dupla formação em arquitetura e engenharia civil pelo Programa FAU-POLI da USP.  É Mestra em Ciências pela Escola Politécnica da USP, com a dissertação Gestão do Conhecimento em Empresa Construtora. É sócia fundadora da ARQUITEIA, startup de reforma de interiores com foco em acelerar a venda ou locação de imóveis.