Gestão da informação e do Conhecimento – Práticas e Reflexões

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”
(Leonardo Da Vinci)

“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”
(Leonardo Da Vinci)

Profissionais da informação engajados na contemporaneidade e que atuem, ou queiram atuar, com gestão da informação e do conhecimento serão bastante beneficiados em suas interações com esse livro. Foi preparado, certamente, pensando neles. Mas poderá ser de utilidade para qualquer pessoa interessada em conhecer os meandros e distintos aspectos dos atuais processos de gestão da informação e do conhecimento.

Em uma época em que muitos concluem de maneira bastante simplista que o Google é o oráculo do mundo moderno, discutir sobre gestão da informação e do conhecimento é fundamental!

Trata-se de uma coletânea de catorze capítulos escritos por dezoito profissionais de distintos perfis, como consultores, bibliotecários, pesquisadores e docentes. Todos eles, autores já conhecidos e reconhecidos no contexto biblioteconômico brasileiro exatamente pela bagagem, atualidade, dinamismo e participação constante no fazer e no construir teoricamente a área.

Assim, esse livro registra diversos olhares sobre a gestão da informação e do conhecimento, oriundos de distintos pontos de vista, englobando desde bibliotecas universitárias, especializadas, empresariais e centros de pesquisas. Têm-se capítulos que são voltados a estudos exploratórios, outros são resultados de pesquisa, relatos de experiências ou reflexões teóricas.

Sua leitura cobre amplo espectro que vai desde a preocupação com a formação em gestão da informação do próprio profissional da informação, passando por algumas teorizações conceituais sobre o tema e ainda sobre gestão do conhecimento e, finalmente, variados enfoques práticos e aplicados.

No que se refere à formação do próprio profissional da informação em aspectos da gestão, pode-se mencionar o primeiro capítulo “Atuação do bibliotecário em processos não tradicionais” de Leonardo Fernandes Souto que discute os aspectos de atuação em processos não tradicionais, trazendo a baila da discussão competências funcionais desejáveis hoje, mas também refletindo sobre a grade curricular de cursos de biblioteconomia melhores avaliados em cada região. Dessa forma, apresenta uma cartografia interessante no que diz respeito às ofertas de disciplinas relacionadas à tecnologia da informação, gestão, comunicação, competência informacional e memória.

Os outros dois capítulos também nessa linha de formação são o quinto e o nono capítulo. O quinto capítulo intitulado “Competência em informação: identificação das competências do bibliotecário enquanto gestor da informação sob a ótica do usuário” de Eliana Marciela Marquetis relata os resultados de alguns estudos onde se verificou a visão que o usuário tem do bibliotecário, seu relacionamento com o profissional da informação, qual a importância desse profissional para o usuário e quais as habilidades necessárias para desempenhar suas atividades. Com base em depoimentos dos próprios entrevistados, a autora se foca em ressaltar as competências e habilidades esperadas dos gestores de informação.

“Reflexão sobre o profissional da informação bibliotecário: ações para a competitividade e o desenvolvimento profissional” de Danielle Thiago Ferreira e Gildenir Carolino Santos é o capítulo nono. Nele, os autores discutem aspectos considerados atualmente estratégicos para alavancar a competitividade e, por conseqüência, a economia organizacional pública ou privada. Passando pela discussão da atuação do bibliotecário como profissional da informação, os autores levantam conceitos e apresentam um olhar crítico sobre as mencionadas estratégias visando projetar idéias sobre a formação, competências e habilidades necessárias hoje.

Já o sexto capítulo “Competência em Informação no contexto empresarial” de Marilda Martins Coelho, Maria Isabel C. da Franca, Tatiana Neves Cosmo e Regina Célia Baptista Belluzzo, é focado no relato de uma experiência prática, dessa vez no ambiente de trabalho; mais especificamente no setor empresarial; relata um programa implementado cuja missão foi desenvolver habilidades no que diz respeito ao acesso e uso da informação em todos os níveis funcionais, por meio de distintas práticas pedagógicas.

No que se refere à conceituação, três capítulos voltados à reflexão teórica sobre a área aqui se encontram. O capítulo segundo “Gestão da Informação: fundamentos, componentes e desafios contemporâneos” de Patrícia Zeni Marchiori inicia-se com a visão histórica das origens e características desse tema no âmbito da área de biblioteconomia e ciência da informação; passando por seus conceitos e componentes, especialmente a governança e arquitetura de informação, concluindo com os desafios contemporâneos da gestão da informação. Aqui, o leitor será levado a refletir sobre o impacto na gestão da informação advindo do novo ecossistema, do volume massivo de dados e da infinidade de relações possíveis entre eles, sobre atuais propostas de data mining e data analytics.

O terceiro capítulo “Inteligência competitiva organizacional: modelo de gestão, processo ou ferramenta?” de Marta Lígia Pomim Valentim, apresenta um quadro evolutivo de conceitos e definições de inteligência competitiva desde 1997 até 2011, seguido de outra discussão sobre fases/etapas do ciclo de inteligência competitiva até chegar à inteligência competitiva e seus elementos constitutivos. Finaliza com um quadro comparativo das características da gestão da informação, gestão do conhecimento e inteligência competitiva.

O capítulo oitavo “A importância do conhecimento e do profissional da informação para a estratégia corporativa num contexto de complexidade” de Rose Longo levanta complexos questionamentos, como: as organizações sabem o quanto elas sabem ou necessitam saber? Onde está o conhecimento essencial para o negócio das organizações? Como ele está organizado? É fácil acessá-lo quando dele se precisa? Todas essas questões norteiam a reflexão teórica sobre a gestão do conhecimento e da informação aqui apresentada.
Distintos enfoques e áreas de aplicação da gestão da informação foram retomados nos demais capítulos.

O quarto capítulo “O uso dos documentos de patentes para a gestão da inovação” de Renata Cristina Teixeira trata da utilização da informação do conhecimento para a aceleração da inovação nas organizações. Apresenta, pois, a importância da inovação para a competitividade, discutindo a gestão do conhecimento, a inteligência competitiva e a prospecção tecnológica.

O capítulo sétimo “Inovação disruptiva em gestão da informação” de Yara Resende e Lucélia Oshiro Hashimoto apresenta o relato de experiência de uma empresa brasileira com um portal de pesquisa de informação empresarial em plataforma móvel. Trata-se de um aplicativo desenvolvido com tecnologia brasileira de banco de dados textual LightBase, com indexação automática por palavra no conteúdo armazenado onde é possível pesquisar centenas de patentes nacionais e internacionais, artigos científicos, monografias, capítulos de livros e trabalhos de congressos produzidos pelos colaboradores da empresa.

“Gestão do conhecimento na prática” de Tayane Cristina Mattera, décimo capítulo, descreve um estudo desenvolvido em um ambiente empresarial que tinha como foco caracterizar a operacionalização da gestão do conhecimento por meio de práticas de gestão, como: práticas de socialização, de externalização, de combinação, de internalização e, finalmente, relacionamento das práticas de gestão do conhecimento no modelo desenvolvido.

No décimo primeiro capítulo “Gestão editorial do conceito ao gerenciamento eletrônico” de Gildenir Carolino Santos e Danielle Thiago Ferreira, o foco é a experiência de gestão de revistas científicas acadêmicas e eletrônicas. Por meio do software OJS (Open Journal System), traduzido no país como SEER (Sistema de Editoração Eletrônico de Revistas), relata-se as vantagens e facilidades da gestão do processo editorial.

O décimo segundo capítulo “Relacionamento institucional e bibliotecas corporativas” de Andréa Ferreira Gonçalves do Nascimento trata do relacionamento institucional em empresas e organizações públicas ou privadas, buscando discutir a função da biblioteca no contexto organizacional e analisar sua contribuição para a construção desse relacionamento.

“Memória institucional: lugar de (re)construção de uma memória coletiva?” de Simone Rosa de Oliveira – décimo terceiro capítulo – promove um diálogo onde a memória deve ser vista como resultado de um fator social. Entende que trabalhar a memória em uma instituição é trabalhar com a memória de cada um de seus integrantes, é construir identidades individuais e coletivas. Vantagens da gestão do conhecimento são apontadas enquanto possibilidades de aplicações à gestão da memória institucional.

O capítulo décimo quarto “Gestão de documentos: uma visão empresarial” de Elizete Pereira Sá aponta a gestão de documentos e registros desde o mapeamento e modelagem dos processos, até a organização de documentos físicos e digitais. Aqui, de maneira sucinta, se discute o gerenciamento de processos de trabalho e gestão de documentos; taxonomia, plano de classificação e metadados; ciclo de vida, avaliação documental, tabela de temporalidade, instituições normalizadoras, legislação e conformidade, armazenamento do acervo físico e digital, segurança da informação dentre outros.

Frente a todo o exposto, é certo dizer que estamos diante de um livro que será útil para sanar dúvidas, obter novos insigths, confrontar pressupostos, atualizar conceitos e, certamente, desenvolver competência e habilidades específicas em distintas áreas da gestão da informação.

Sueli Mara Soares Pinto Ferreira
Professora Titular, Livre Docente em Geração e Uso da Informação e Diretora do Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo
Outubro de 2013

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